The Traitors - Capítulo treze

Capítulo treze – Sócios.

“Então será que posso te fazer uma pergunta?” 

Samantha P.O.V's 

– MEU DEUS, SAMANTHA! – minha mãe berrou se levantando de cima do meu pai e se cobrindo com um cobertor.  

– Pensamos que você iria chegar mais tarde. – Meu pai disse, cobrindo suas partes com uma almofada, ele parecia bem à vontade com a situação, diferente da minha mãe. 

– Percebi. – Eu respondi com a maior cara de nojo. O maior medo de um filho é pegar seus pais transando e não sei se era mais nojento ou constrangedor. 

– Nos desculpe por isso. – Minha mãe disse com as mãos cobrindo o rosto, estava envergonhada. 

– Tá tudo bem... só não façam de novo, eu gosto desse sofá.  

Subi as escadas correndo, tenho certeza que eu estava parecendo um morango de tão vermelha. Tranquei a porta do quarto assim que entrei e tirei a roupa, me deitando nua mesmo. O pensamento de Niall e eu transando veio a minha cabeça na hora e eu sorri, aquilo era bom. Meu celular apitou e eu o peguei vendo uma mensagem de Niall. 

"Cheguei em casa e não paro de pensar em você... fica tranquila, eles vão aceitar nos ajudar. Adoro você, bons sonhos. - Niall" 

Acho que surtar era pouco. Mulher é tão boba e cega quando está apaixonada que cada vez eu me surpreendo mais comigo mesma. Já estive apaixonada antes, mas levou meses pra eu estar como estou agora e eu percebi o quão intenso era o que eu estava sentindo e eu não sabia o que pensar. Sempre falo isso porque na verdade eu não sei de nada mesmo. Era uma pessoa que não sabia que rumo tomar e isso me deixava a beira da loucura. 

Não demorou muito para que eu pegasse no sono e no dia seguinte acordei tão disposta que me estranhei. Estava ansiosa para ir até o ateliê e descobrir se meu pai havia comprado ou não aquele vestido caríssimo pra Amy. As amantes recebem mais e melhores presentes que as esposas, Amy por exemplo, tinha até recebido um cargo de confiança na empresa do meu pai. Antes de descer pro café, me sentei pra fazer algumas anotações no caderno e ouvi três batidas na porta. Suspirei fundo, ainda não estava me sentindo confortável de ter nenhuma conversa com meus pais depois do que aconteceu ontem à noite, eu ainda estava constrangida. Destranquei a porta e voltei a me sentar e escrever, até a porta se abrir e revelar minha mãe, claramente, só de olhar pra cara dela eu sabia que ela estava com tanta vergonha quanto eu. 

– Bom dia. – Ela sorriu, sem mostrar os dentes. 

– Bom dia. – Respondi, recomeçando a fazer minhas anotações. 

– Vim dar tchau, estou indo fazer uma pequena viagem a trabalho, volto amanhã. – Eu a olhei 

– Viajar? Vocês não me avisaram nada. 

– Só eu vou, seu pai vai ficar aqui. – Me levantei e nos sentamos na cama – Depois da festa, os Horan deram a ideia de abrirmos uma filial na cidade vizinha, o Brad é advogado também, então podemos ser sócios. 

– Você vai com o Brad?! – quase gritei, estava chocada. 

– Não. – Ela riu – Vou sozinha, Brad vai pro lado contrário, temos que ver o que vai nos trazer mais benefícios e clientes. 

– Fico feliz que esteja progredindo, mas não acho uma boa ideia ter negócios junto com os Horan. 

– Porque não? Parecia que você estava adorando a ideia de ficar em cima de Niall. – Fechei os olhos rapidamente lembrando de sábado, quando ela nos pegou quase transando, no final da festa. 

– Aquilo com o papai ontem foi uma despedida? – ironizei. 

– Sim... sabe, filha... tudo o que eu faço é pro bem dessa família. – Engoli seco – Você e seu pai são tudo pra mim, eu nem sei como agradecer à Deus por tudo isso que ele tem me concedido, está sendo maravilhoso depois de tantas lutas e derrotas, finalmente estar ganhando uma batalha. – Os olhos dela começavam a ficar marejados – Eu amo você, mais que tudo, espero que me entenda. 

– É claro que entendo, também amo você. – Eu disse e ela me abraçou quando terminei a frase. O abraço era aconchegante e fiquei com vontade de nunca mais soltá-la. Ela era tão ingênua a ponto de dizer que meu pai era importante pra ela também. 

– Não queria atrapalhar o momento mãe e filha de vocês, mas eu já estou indo. Você vem, amor? – meu pai apareceu na porta. 

– Vou, vou sim. Tchau filha, cuidado. 

– Pode deixar. – Sorri e ela beijou minha testa e saiu acompanhada dele. 

Assim que notei que estava sozinha, peguei meu celular e vi que Niall não havia mandando nenhuma mensagem, então acreditei que ele não sabia dessa história de sócios. Era estranho que nossos pais tinham ficado tão amigos assim em uma única noite. Meu pai e Amy com certeza não tinham um pingo de vergonha de envolverem as pessoas assim no meio de tanta enganação. Minha mãe e Brad eram tão inocentes quanto eu e Niall e agora estavam marchando rumo a humilhação pública de ter um escritório juntos e logo descobrirem que seus conjugues tem um caso. Era foda. Peguei minha mochila e segui pra cozinha, pegando algumas comidas pra deixar no carro, afinal, hoje à tarde seria longa demais pra passar fome. Dirigi até a escola tranquilamente, não estava atrasada e isso me deixava plena. Desde quando descobri o caso do meu pai, acordo sempre mais cedo e tento chegar na escola antes do início das aulas pra poder falar com Niall sobre alguma novidade, até alguns minutos atrás estávamos zerados delas e agora temos um ateliê caríssimo pra investigar e algumas dúvidas sobre essa história de sócios. Estão levando a sério, até viagem vão fazer. 

Na escola, me dirigi direto ao refeitório e avistei Niall sentado na mesa de sempre. Andei tão rápido até ele que tenho quase certeza que chegou a ser uma corrida. 

– Você já sabe? – perguntei ofegante. 

– Do que? – ele comia cereal com leite e falou com a boca cheia. 

– A minha mãe e seu pai vão ser sócios, vão abrir um escritório de advocacia juntos. – Ele engoliu seco. 

– Como assim? – ele perguntou, confuso. 

– Você não sabia? Eles não comentaram com você? 

– Eles não costumam falar negócios comigo... como você descobriu isso? – ele deu mais uma colherada no seu cereal e pareceu tão gostoso. 

– Minha mãe me disse que eles resolveram tudo no sábado, não acha estranho como eles viraram amigos tão rápido? 

– Acho que eles já tinham conhecimento do que iriam fazer, não iriam resolver abrir um escritório do nada. 

– Claro que tinham conhecimento, sua mãe deve ter convencido o meu pai a dar a ideia no sábado, eles já tinham tudo combinado, tenho certeza. 

– Como tem tanta certeza assim? 

– Mais coisas e dinheiro envolvido quando eles se divorciarem, assim ninguém sai perdendo. 

– Eu não sei não, Sam. Mas que isso foi estranho, foi. Sabe onde eles vão abrir esse escritório? 

– Vão fazer uma pesquisa ainda, mas não vai ser na cidade, minha mãe vai pra um lado e seu pai pra outro. Voltam amanhã à noite. 

– Então eles vão hoje? 

– Sim. 

– Isso dá muito tempo livre pro seu pai e a minha mãe se encontrarem sem pressa. – Ele disse pensativo, acabando de comer seu cereal. 

– Temos que ficar de olho. 

– Mas não vai adiantar nada, eles são muito cuidadosos. Só achamos aquele recibo por pura sorte.  

– Pensa positivo... já teve alguma notícia da Beck e do Zayn?  

– Mandei mensagem, mas ele não me respondeu. – Ele deu de ombros, a tranquilidade de Niall me irritava. 

– Tá tudo bem? Você parece meio distante. 

– Só não vou mais me estressar com tudo isso. A preparação pro baile, correr atrás de pistas e todas essas informações não vão me tirar do sério, já decidi. 

– Queria me sentir decidida assim. 

– Eu gosto de você. – Ele disse de repente me fazendo sorrir. 

– Também gosto de você. 

– Você tem vontade de ficar com outras pessoas? Não tô perguntando porque tenho vontade, longe disso... só quero saber de você o que pensa de nós dois, se posso levar a sério o que temos... 

– Claro que quero ficar só com você. Na verdade, estou até me estranhando... só penso em você. – Sorrimos. 

– Então será que posso te fazer uma pergunta? 

– Claro que pode. 

– Falta menos de um mês pro baile, então queria saber se gostaria de ir comigo. 

– É claro que gostaria, na verdade eu amaria. – Não pude conter um sorriso de felicidade. 

– Então acho bom procurar logo um vestido pra eu saber que cor de gravata devo usar pra combinar. – Eu ri. 

– Pode deixar, Horan... Já vou pra aula, nos vemos no intervalo? – disse me levantando e colocando a minha mochila nas costas. 

– Claro, se não nos vermos, te espero no estacionamento pra podermos ir, okay? 

– Okay. – Sorri. 

Sai dali querendo demonstrar toda a minha felicidade. Eu era o par de Niall pro baile e eu não acreditava, isso mostrava que as coisas já estavam ficando bem sérias. Parei no meu armário e peguei algumas coisas e segui pro banheiro. Tinha que me acalmar antes que a aula começasse. 

Rebeca P.O.V'S 

Retoquei meu batom enquanto olhava meu reflexo no espelho. Eu estava ótima e feliz. Tirei o excesso de batom com um pedaço de papel e joguei no lixo, quando levantei minha cabeça, vi que Page estava atrás de mim com os braços cruzados, quando viu que eu a notei, veio usar o espelho do meu lado. 

– Cor bonita. – Ela disse, enquanto lavava as mãos – Fica bem em você. 

– Obrigada. – Eu disse, arqueando as sobrancelhas. 

– Faz dias que quero falar com você, mas ou não te vejo ou não está sozinha. 

– O que foi? – me virei pra ela, já aguardando mais um insulto, ela secava as mãos e quando acabou se virou pra mim novamente. 

– Me desculpa. Por tudo. Pelos insultos, por ter ficado com Zayn, na verdade eu me sinto tão idiota agora que sei que ele nunca deixou de gostar de você. – Me surpreendi com o que ela disse, era legal ver que Page queria levantar a bandeira da paz. 

– Me desculpa também, sempre te insultei e provoquei também. 

– Quero muito que seja feliz... depois de ontem na preparação do baile vi que você é uma pessoa legal, pode não ter me visto, mas eu fiquei de longe só observando, eram muitas meninas competindo pela sua amizade. 

– Nunca vai ter competição pra uma inimiga que quer virar amiga. – Sorri. 

– Obrigada. – Ela sorriu de leve – Nos vemos por aí. 

Ela saiu sem que eu tivesse tempo de responder e topou com Sam na porta. Disfarcei rapidamente quando vi que ela me encarava enquanto andava na minha direção. 

– Oi. – Ela disse. 

– Oi. – Respondi no mesmo tom. 

– Já sabem se vão nos ajudar? 

– Ainda não decidimos, mas você vai saber no final da aula se estivermos no estacionamento. 

– Quero saber agora. 

– Não é na sua hora. É na nossa. Foram vocês que nos insultaram então acho bom terem educação e paciência... ah! Veja se não subam no carro imediatamente, esperem um pouco lá, vai que mudamos de ideia. 

Sai com raiva do banheiro depois de pegar minhas coisas e deixei Samantha me olhando com cara de quem comeu e não gostou. Aquilo era muito chato. Ela e Niall exigirem que eu e Zayn os ajudassem pra conseguirmos a amizade deles de volta, acho que uma amizade pra voltar deve ser muito bem pensada. Segui pra sala, eu até havia trocado de lugar pra não ficar tão perto de Sam e prestar mais atenção nas aulas, afinal, era o que eu mais precisava, mas as distrações atrapalhavam algumas coisas. As provas de recuperação do semestre estavam chegando e eu não queria ficar pra trás, estava me esforçando o suficiente. 

Me senti observada em todas as aulas e aquilo me incomodou muito, Samantha não sabia disfarçar a raiva. Quando o sinal do intervalo tocou, corri pra cantina, estava morta de fome e precisava comer alguma coisa antes que começasse a tremer. Quando já estava com a minha bandeja cheia, fui feliz - quase saltitante - até uma mesa e comecei a devorar o que tinha escolhido. Alguns minutos depois, Zayn se sentou na minha frente e estava trazendo só um sanduíche e parecia nervoso. 

– O que foi? – disse de boca cheia. 

– Só estou um pouco cansado, não dormi muito bem. 

– Dar uma de as panteras também não me deixou dormir muito bem... nós vamos né? 

– Claro, não posso perder isso por nada. – Ele riu e deu uma mordida tão grande no lanche que o que sobrou ia dar só pra mais uma. 

– A prova de história é na sexta, tomara que eu passe. 

– Vai passar, você foi uma boa aluna. 

– Com esse professor... 

– Deus tenha misericórdia de mim. – Ele disse fazendo o sinal da cruz e eu ri. 

– Você gosta do flerte que eu sei. 

– Mas não fazer nada me mata. 

– Me mata também, mas a dúvida mata mais rápido e você sabe. 

– Eu já tenho que ir, você me espera no estacionamento? – Zayn perguntou se levantando. 

– Com certeza. 

Ele saiu e eu estava a cada minuto mais ansiosa, não exatamente para ajudar Sam e Niall, mas pra ver onde tudo isso vai dar e falando sério, meu sonho era ser uma das três espiãs demais, acho que vai ser o início de um sonho. 

CONTINUA... 

Olá, meninessss! A vida anda uma correria mas graças ao bom Deus consegui vir postar. Com o fim da quarentena tudo por aqui já voltou praticamente ao normal então decidi alterar a postagem para toda sexta-feira. Espero que todos que estão lendo estejam bem <3