The Traitors - Capítulo dez

X X

Capítulo dez Hora da ação.
Pronto pra espionar, amor? 


Niall P.O.V's 
– Então você está planejando contar pra todos na festa de aniversário de casamento dos seus pais? – eu estava indignado. 
 Isso mesmo que você ouviu, com telão e tudo. - Samantha sorria orgulhosa de sua ideia. 
 Você não achou isso pesado? 
– Ai Niall, me poupe. Você não quer humilhar os traidores? Essa é a oportunidade, e é perfeito, não tem como negar. 
 Meu Deus eu criei um monstro. 
 E Deus criou um tremendo medroso quando fez você, pensei que ficaria tão entusiasmado quanto eu. 
 É que seu nível de maldade é muito maior do que o meu. 
– Para de se fingir de santo, Niall, isso é muito feio. 
– Não acha que estamos envolvendo muito um ser superior nas nossas conversas? Já te adianto que ele não vai gostar. 
– Ai quanta baboseira! – ela revirou os olhos.  

Sam passou quase meia hora falando sobre o que tinha planejado e eu como um bom amigo estava atento ouvindo tudo. Ela tinha me feito chegar mais cedo na escola só pra falar tudo isso e eu me sentia um cachorrinho e eu me orgulhava disso, seria uma honra. Em muitos momentos eu quase viajei a ouvindo falar o quanto deseja que tudo aquilo desse certo, e eu tinha certeza que tinha criado um monstro e que ela não ia parar de pensar em tudo aquilo tão cedo. Estava um pouco arrependido de ter colocado tudo isso no meio de nós dois, talvez agora podíamos estar planejando como seria o nosso próximo encontro ao invés de planejar como acabar de estragar nossas famílias. Me sentia cada vez mais tosco por Sam, ela era tão decidida, mesmo em situações erradas, se ela queria, ela ia atrás, por isso resolvi ficar de bico fechado diante de todos os planos infalíveis dela. Quando o sinal tocou, ela ficou visivelmente chateada já que não parava de falar e rabiscar os exemplos de tudo o que pensava. Nos levantamos alguns segundos depois do mar de alunos passar pela mesa em que estávamos sentados e eu resolvi a acompanhar até seu armário, depois até sua sala. Não me importava nenhum pouco de me atrasar pra aula pra poder ficar um pouco mais perto dela. Definitivamente, eu estava virando um obediente e fiel animal de estimação, pelo menos ela já me considerava um animal. 
– Estou te achando muito calado hoje, Niall... fala alguma coisa, se concorda ou não com tudo o que eu  falando, caramba! – ela disse abrindo a porta de seu armário. 
– É que você não me dá espaço pra falar então eu prefiro só ouvir. – ela me olhou incrédula e me bateu com um livro. 
– Você não fala porque não quer e sabe que pode me interromper. 
– Mas é que é tão bom ouvir você falando tão entusiasmada, só continuo com a ideia de que isso é mil vezes mais cruel do que tudo o que eu pensei. 
– Que pena, querido. – Ela disse suspirando e guardando algumas coisas. – Podemos nos ver no intervalo? Tenho que terminar de contar as minhas ideias. 
– Nem pensar! – neguei, rindo – Eu não aguento por nem mais um segundo ouvir você falar dessa festa de casamento. 
– Não ouviu nada o que eu disse? É festa de aniversário de casamento! 
– Tanto faz, Samantha. Qualquer uma já vai acabar com tudo mesmo... 
– Já vou te avisando que vai ter coisas que vai ter que me ajudar, como pessoas que alugam telões, som, um DJ que tope colocar um pendrive comprometedor pra tocar na hora do discurso. 
– Você acha que sou de alguma máfia anti-traidores? Pois fique sabendo que não. –Ela fechou o armário e me encarou. 
– Que seja, Niall. – Ela ficou repentinamente mais séria. Olhei ao redor e percebi que Beck havia passado por nós dois. 
– Está desconfortável em falar com ela ainda? 
– Eu nunca mais vou falar com ela, odeio gente falsa. 
– Mas tem que pensar se o que ela fez foi um ato de falsidade ou de lealdade com você. 
– Onde uma pessoa leal esconde uma coisa dessas? 
– O Zayn me contou e a nossa amizade foi pro ralo, sei que não tem mais volta, porque eu duvidei dele. As vezes me pego pensando que se ele não tivesse me contado, como eu agiria? O problema, é que nós dois somos muito ignorantes com quem só quer o nosso bem. 
– Ai Niall, pelo amor de Deus, eu vou pra aula porque já estou atrasada, tá? Depois nos falamos. 

Ela saiu rapidamente, então segui pra minha sala onde a aula já havia começado. Eu não me importava mais de me atrasar para as aulas, na verdade não me importava com muitas coisas. A cada segundo que passava eu só imaginava o quanto seria prazeroso desmascarar os mentirosos e traidores. 

 
Rebeca P.O.V's 
O dia não tinha sido muito fácil pra mim. Ver Sam andando pelos corredores junto com Niall e agindo como se não me conhecesse era horrível pra mim, em vista que eu fui uma péssima amiga acho que merecia isso. E como se não bastasse, tinha descoberto em cima da hora que tinha ficado de recuperação em história... tipo, quem fica de recuperação nessa matéria? Pra não me prejudicar ainda mais, resolvi fazer algumas pesquisas na biblioteca da escola depois da aula, eu nunca fazia isso, acho que é por isso que agora tenho uma prova em que com certeza não vou saber nem meu nome 
– Achei que odiava ficar aqui depois da aula. – A voz era conhecida, tão conhecida que me fez arrepiar, só não sabia se era de ódio ou outro sentimento que eu nem sabia o nome. 
– E quem disse que não odeio? A vida anda tão fodida que vou ter que passar mais tempo aqui. – disse largando minha caneta em cima do caderno e olhei pra cima. Zayn estava incrivelmente mais lindo hoje. Ele tomou a liberdade de se sentar e eu não me senti muito confortável com a ideia, não sabia o que estava acontecendo comigo, só sei que em relação a nós dois, meus sentimentos estavam me matando. 
– Por quê? – ele disse, puxando assunto. 
– Prova de recuperação, e tudo é tão bom que vou ter que fazer uns resumos escritos a mão... 
– Achei que a recuperação tinha sido anunciada a dias atrás. 
– Pois é, mas eu acho que estava muito preocupada me metendo na sua vida e na de Page. 
– Você não se meteu em nada, Rebeca. 
– Posso não ter me metido, mas eu sou a mais atrasada da turma e se eu não tirar pelo menos sete nisso tudo eu  ferrada, Zayn. Eu mal sei quem foi Hitler. – Suspirei fundo. 
– Então a coisa está feia mesmo. – ele disse dando uma risadinha – Posso te ajudar a estudar, se quiser... – eu o olhei, cerrando os olhos. 
– Vamos supor que eu aceitasse, você estaria fazendo porque gosta de história ou porque quer algo de mim? 
– O que acha? – ele disse como se fosse óbvio. 
– Não sei! 
– História é minha matéria preferida, então vamos supor que é mais pelos estudos mesmo, e pra ajudar quem eu gosto. 
– Então aceito a oferta. 
– Não me odeia mais? – o tom dele era tenso, fechei meu livro e me levantei, indo até a prateleira. Zayn me seguia. 
– Não queria falar disso. – Coloquei o livro em qualquer lugar e o encarei, ele fazia o mesmo. 
– Eu só não entendi o que houve pra me tratar daquele jeito, eu só queria respostas, não gosto que me tratem assim sem nenhum motivo. 
– Nenhum motivo? Zayn, o Niall falou tudo pra Sam. 
– Tudo o que? – queria realmente meter um tapa na cara dele por ser tão lerdo as vezes. 
– Dos pais deles. Ela não acreditou, mas ele falou pra ela perguntar pra mim ou pra você, e adivinha quem foi a contemplada? Me sinto uma falsa e agora digamos que ela me odeia muito. 
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– Por isso passaram o dia longe uma da outra? 
– Não gosto que fiquem me observando – cruzei os braços. 
– Deveria chamar menos atenção com essa beleza. – Revirei os olhos – Eu gosto de você, Rebeca. Pra caralho e quero que me perdoe. 
– Como vou perdoar, Zayn? Você me colocou no meio disso tudo e eu nem queria saber, a gente não é de esconder segredos um do outro, mas tem coisas que pode guardar pra você. 
– Eu não sei o que pensei, isso é uma coisa séria... desculpa ter envolvido você nisso. 
– Agora já estou mais que envolvida, sou considerada uma traidora também. Perdi você e perdi minha melhor amiga. 
– Niall também me considerou, mesmo eu contando a verdade. As pessoas querem sempre ouvir a verdade, mas elas escolhem no que acreditar... talvez se você tivesse contado, ela agiria com você como Niall agiu comigo. 
– Eu sei... – olhei a prateleira de livros e me concentrei em ler algum título que me interessasse. – Só não queria perder a amizade dela. 
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– Não vai perder, eu estou aqui e se for te deixar melhor, eu te ajudo com o que for. 
– Obrigada, Zayn. E me desculpe ter te tratado daquela forma... 
– Eu mereci. 
– Não, não mereceu. Eu sempre sou assim, desconto em quem não tem nada a ver. 
– Foi o que julgou ser melhor no momento, assim como a Sam te tratou mal também. 
– Mas mereci... 
– Como... como nós estamos, Rebeca? – eu o olhei. 
– Somos amigos, né? Quero dizer... – eu nem sabia o que falar. 
– Não precisa falar nada, acho que já sei a resposta... quando começamos a estudar, então? 
– Pode ser na segunda? Quero descansar nesse final de semana antes de ser torturada com a enxurrada de notas ruins. 
– Como quiser, amor 

Ele me deu um beijo na testa antes de sair, me deixando sem palavras. Eu não sabia mais o que dizer nem o que pensar em relação a mim e ele, mas sabia que dos estudos coisa boa não ia sair, isso era certeza, minha forte intuição dizia. Se me perguntarem o porquê de eu não estar mais afim de estar junto a Zayn, eu nem sei responder. Talvez seja pelo segredo que ele nem me obrigou a guardar, mas não tenho certeza se foi realmente isso. Guardei meus cadernos e meus livros com a maior tranquilidade do mundo, não sabia se era pior estar em casa sozinha ou na escola rodeada de idiotas. Conclui que preferia a minha casa. 
  
Samantha P.O.V's 
Enfim sábado. Não sabia como um fim de semana podia demorar tanto se você tem algo importante pra fazer. Minha casa estava praticamente de pernas pro ar e assim ficou o dia todo. Várias pessoas desconhecidas andando pra lá e pra cá, decorando e cozinhando, minha mãe provava e reprovava e a cada reclamação eu revirava os olhos. Minha mãe era tão exigente quanto a decorações de uma festa qualquer e do que as pessoas vão comer, mas quanto a homem tinha dedo podre. Era agonizante ver meu pai a mimando o dia todo e a acalmando sabendo de tudo o que ele faz. Eu não estava entendendo mais nada. Se a festa era pros funcionários da empresa dele, porque era ela que estava tão preocupada com toda a situação e o que apresentar para as pessoas? Suspirei fundo quando os decoradores saíam e garçons e todo um buffet completo entravam pela porta da frente. 
– Filha, será que dá pra ir tomar um banho?  
– Que isso? Eu nem cheiro tão mal assim! – disse dando uma conferida. 
– Eu sei, mas é que se sua mãe não ver tudo pronto em cinco minutos tenho certeza que ela vai surtar. 
– Eu hein, achava que ela era perfeccionista, mas agora  ficando assustada. 
– Nem me fale, parece até que é pro escritório dela. – Ele suspirou, colocando as mãos na cintura e me encarando. – Pelo amor de Deus, Samantha! Vai tomar um banho e escovar esses dentes senão eu mesmo vou tratar de te jogar uma água sanitária! – ele disse subindo as escadas assim que terminou de falar. 
  
Eu não sabia que cheirava tão mal assim, mas tenho certeza que era exagero. Depois de mais alguns minutos observando toda aquela baderna, subi as escadas devagar. A única coisa que me animava pra essa noite, era o que eu e Niall descobriríamos sobre nossos pais, isso me deixava excitada. Me sentia uma das três espiãs demais. Passei pelo quarto dos meus pais e a porta estava entreaberta e então ouvi meu pai ao telefone, parei instantaneamente e me aproximei silenciosamente na porta pra poder ouvir melhor. 
– O quê? Está maluca? Ela não pode saber ainda, ok?... Eu sei que ela vai ficar furiosa quando descobrir que estou guardando isso por tanto tempo, mas não quero estragar nada do que planejamos agora... Olha, eu tenho que ir, nos vemos mais tarde. 
  
Ele desligou a ligação e meu coração parou por uns segundos. Ele conversava com a amante no quarto em que dormia com a minha mãe. Será que ele estava planejando contar sobre as traições a minha mãe? Se divorciar dela? Não poderia ser tão fácil assim pra ele. Corri pro meu quarto e peguei meu celular, digitando rápido uma mensagem para Niall. 
"Meu pai estava com a sua mãe no telefone, acho que planejam contar tudo... acho que vão se divorciar pra poderem ficar juntos. Precisamos agir rápido, senão as coisas vão ser muito fáceis pra eles... conversamos melhor aqui.  - Sam" 
  
[..] 
  
Estava quase pronta, só faltava passar algum batom. Assim que escolhi a cor, passei cuidadosamente, me olhando no espelho. Era difícil saber quem eu era... uma filha perfeita que nunca deu trabalho algum pros pais ou o monstro disfarçado que a qualquer momento vai jogar uma merda gigante no ventilador? Queria ser a primeira opção, mas o momento necessitava que eu fosse a segunda. Meus pensamentos se esvaíram quando com três batidas a porta se abriu, era meu pai, carregava nas mãos uma caixinha de veludo preta. 
– Alguns convidados já chegaram, mas fugi rápido pra te trazer isso. – Ele esticou a mão com a caixinha, me entregando e eu peguei com um pouco de receio. – É um presente e espero que goste e use hoje... desculpe a demora pra te dar, é que o dia foi tão corrido. 
– Muito obrigada, pai. – Eu disse, abrindo a caixinha e vendo um colar de prata com um 'S' cravejado de pedrinhas verdes esmeralda. – Meu Deus, pai! É muito lindo. 
– Sabia que ia gostar... me desculpe por não sermos tão presentes quanto você gostaria e necessita. 
– Vocês fazem o que podem e sei que lá na frente isso vai valer a pena. – Não estava mesmo entendendo o motivo daquela conversa – Agora não é hora de choramingo, pai! – tentei o animar – Vamos aproveitar a festa, é o seu momento! 

Ele sorriu e saiu sem falar nada e eu odiava os momentos em que a dúvida batia a porta. A dúvida de contar ou não, de humilha-lo ou não, ele era um bom pai, o melhor do mundo, mas como homem ele falhou, infelizmente. Coloquei o colar e fiquei por mais um tempo admirando aquele presente, será que ele desconfiava que eu ouvi a conversa ou que eu sabia de algo e agora começaria a me comprar com alguns presentes caros? Isso é a cara dele, mas creio que não desconfie de nada. Sai do quarto e fechei a porta, seguindo rumo as escadas, desci com cuidado, fingindo que não estava vendo ninguém, é nesses momentos que ser a filha do chefe é complicado. Todos querem vir falar com você e dizer o quanto você cresceu e está bonita. Quando cheguei no meio dos convidados, comecei a procurar Niall, eu estava atrasada e ele já tinha que ter chego, então comecei a andar pelo meio daquelas pessoas que cochichavam de mim como se eu não estivesse ali e então avistei o loiro tingido mais lindo que já tinha visto. Ele estava com um copo de ponche na mão e bebia um gole a cada cinco segundos, aposto que estava me xingando mentalmente. Dei a volta, me aproximando dele por trás e quando estava perto o suficiente, levantei os pés e falei em seu ouvido: 
– Pronto pra espionar, amor? 
  
CONTINUA... 



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