THE TRAITORS - Capítulo quatro

Capítulo quatro – A conversa. 

"Sempre faço as escolhas erradas."

Rebeca P.O.V's 

– Não devemos contar isso pra ninguém. – eu disse, saindo do banheiro.

– Se alguém souber, da minha boca não vai ser. – ele sorriu, me fazendo sorrir também.

– Por favor, principalmente pra Samantha, se ela souber me mata.

– Cheia dos segredos. – ele zombou me jogando um travesseiro e eu joguei de volta e me sentei na cama.

– É sério, não quero que ela saiba, a última coisa que quero é brigar com ela.

– Fica tranquila. – ele me puxou pra um beijo mas eu o empurrei.

– Tenho que ir, Sam deve estar me procurando. – olhei o relógio – Demoramos pra caramba ela deve estar surtando. – eu disse pegando meu copo e indo até a porta e a destrancando.

        Antes de sair, encarei Zayn pela última vez. Abri a porta e sai o mais rápido e sorrateira possível pra que ninguém me visse, ou desconfiasse de algo. Desci as escadas procurando por Sam e ela não estava na sala, segui até a cozinha de onde vinham gritos de animação a cada trinta segundos. Passei com dificuldade pelo meio das pessoas que se aglomeravam pra ver o que estava acontecendo e quando cheguei na porta, vi Samantha bebendo um shot e comemorando.

– É isso aí seu idiota, aqui ninguém vai ganhar de mim porque eu só demais! -–comemorava e percebi que haviam várias cartas em cima da mesa.

– Só bebe quem perde! – reclamou um garoto que estava com várias cartas em seu monte, me pareceu que não era um bom sinal no jogo que estavam jogando.

– Dita as regras quem está ganhando, então se eu fosse você, calava a boca. – ela disse e o garoto fez uma careta e desistiu do tal jogo, Sam pegou outro copo de shot e virou de novo de uma vez só. – Isso!

           Os meninos logo saíram do redor da mesa, desistindo de jogar com ela e ninguém mais se arriscou a aproximar e ela pareceu ter perdido toda a diversão. Me aproximei quando as pessoas se distraiam com outra coisa e cutuquei ela, já que parecia estar pensando em absolutamente nada enquanto olhava em um ponto fixo.

– Onde é que você estava? – ela me olhava indignada.

– Fazendo xixi. – dei um sorriso amarelo e ela arqueou as sobrancelhas me olhando enquanto tombava a cabeça pro lado. – Quanto é que você bebeu? – disse observando todos os copinhos vazios em cima da mesa de jogo.

– Por uma hora? Toma vergonha na sua cara, eu te odeio! – ela riu já adivinhando o que tinha acontecido e ignorou minha pergunta. – Aposto que esbarrou com Malik no caminho, não é mesmo? – ela me empurrou de leve e eu abaixei a cabeça, rindo sem graça. – Não tem nem coragem de negar! – ela parecia ainda mais chocada.

– Mas também não confirmei, será que tem como você parar com isso?

– Ele está com a Page! Desculpa, sua atitude foi ridícula! – ela agora estava realmente brava. – Traição é imperdoável. – estremeci ao ouvi-la falar isso.

– Quem resolve se vai perdoar ou não é a Page e não os outros.

              Ela revirou os olhos pra mim e um menino chegou perto, a cutucando fazendo ela o encarar mortalmente, ele quase exitou, mas conseguiu falar.

– Eu e meus amigos queremos apostar com você, não estamos com grana agora mas pagamos na segunda, sem falta. – ela o encarou, interessada.

– Me esperem que eu já vou. – o garoto saiu, indo pra perto da mesa e conversando com seus amigos, Sam, se virou pra mim novamente. – Só espero que amanhã não se arrependa e que esteja curtindo isso aqui tanto quanto eu.

– Apostando? – debochei.

– Pelo menos não estou traindo ninguém e nem pagando de vadia.

            Ela me olhou com desprezo e saiu, indo conversar com os meninos e dessa vez quem estava sozinha era eu. Segui pra sala e fiquei em pé perto da escada, não estava avistando Zayn e isso me deixou triste, a vontade de ir embora era grande. Roubei um copo de um garoto que estava passando com um em cada mão e ele me olhou feio e juro que ouvi ele me chamar de louca e dar meia volta, voltando pra cozinha. Comecei a beber novamente e a música que tocava era boa o que me fez começar a balançar de leve o corpo, logo parei, quando vi que Zayn entrava na sala com Page. A vadia era linda, não tinha como negar. Ele disse algo no ouvido dela e seguiu para a cozinha enquanto ela olhava tudo ao redor, e infelizmente o olhar dela parou no meu e ela veio em minha direção.

– Achei que era uma festa boa, mas pelo jeito estou vendo que pode entrar qualquer lixo.

– Com certeza, até me surpreendi quando vi o lixo entrando. – sorri sínica e dei um gole na bebida pra não dar na cara dela. Ela sempre parecia se surpreender com as minhas respostas, mas não desistia de me irritar.

– Não diria isso, porque eu estou no topo e você desce cada vez mais. – ela sorria de um jeito maldoso.

– E por que eu não diria o que estou com vontade? – decidi que a cada frase minha eu beberia um gole de bebida pra segurar a raiva.

– Porque pode ouvir o que não quer.

– Eu aguento, coisa ruim entra por um ouvido e sai pelo outro, amiga.

– Então ouve essa... – ela chegou perto de mim, pra ter certeza de que eu estava mesmo ouvindo o que ela tinha pra falar. – Zayn acabou de me pedir em namoro, e adivinha?– ela riu – Eu aceitei. – ela riu novamente, agora de um jeito muito mais maldoso e eu infelizmente não consegui disfarçar minha cara.

               Tinha ficado destruída.

Niall P.O.V's 

Já tinha chegado na festa tarde e a coragem para entrar estava difícil de aparecer, então eu estava no carro a mais ou menos vinte minutos, apenas observando o fluxo de pessoas em frente à casa de Zayn. Mas se eu quisesse mesmo colocar tudo o que pensei em prática, a vergonha e o medo não seriam meus aliados. Sai do carro, bati a porta com mais força do que gostaria e caminhei até a entrada da casa com as mãos nos bolsos da jaqueta, pra parecer que eu era um cara confiante. Quando entrei na casa, várias pessoas dançavam na sala, uma música que, se eu não fosse tímido eu dançaria também. Logo quando comecei a entrar mais para o meio da casa, vi Rebeca sentada no sofá com a maior cara de tédio enquanto segurava um copo na mão, fui até ela um pouco receoso e sentei ao seu lado, ela era a única que parecia não se divertir na festa. 

– Oi. – disse e ele mal me olhou. 

– E aí. – ela disse suspirando, ainda sem me olhar. 

– Viu a Samantha por aqui? Queria falar com ela. –  Beck finalmente me olhou e sua cara era de surpresa quando viu que era eu quem falava. 

– Boa sorte então. – ela bocejou. 

– O que aconteceu? – perguntei. 

– Coisas que não vem ao caso, se conseguir falar com ela, diz pra ela me perdoar. 

– Você sabe onde ela está? 

– Com um bando de adolescentes nojentos jogando um jogo que eu nunca vi na vida, montaram uma mesa de jogos na cozinha, é lá que ela está. 

– Hã... obrigada pela informação, Beck. – Ela me encarou e quando eu ia levantar ela segurou meu braço e me fez olhar pra ela. 

– O que você quer com ela? – ela franzia a testa e estreitava os olhos, me pareceu ameaçadora. 

– Eu só quero dizer algo que eu descobri. 

– Ela não vai acreditar em você e agora não é um bom momento, Niall. 

– Como tem tanta certeza que ela não vai acreditar no que tenho a dizer? 

– Você acreditou no Zayn quando ele te contou? – fiquei sem palavras e ela continuou – Deixa essa história em paz, destrua só a sua família, não a dela e a nossa amizade. 

– Se você soube deveria ser seu papel contar a ela. 

– Não tenho essa coragem toda. – suspirou – Se eu fosse você, tentaria me aproximar primeiro, sei que soei egoísta quando disse pra destruir só sua família, é que pra ela tudo é tão perfeito que eu tenho medo... 

– Qual sua dica? 

– Já disse: se aproxime dela. Faça ela confiar em você, se não ela não vai acreditar, mesmo que sua família também esteja envolvida na história, pra Sam a família é sagrada. 

– Tá bom, peguei as dicas. 

Me levantei sob a supervisão de Beck que encarava cada passo meu, quando entrei na cozinha vi Samantha animada, não estava mais jogando como Beck havia dito, mas estava conversando animadamente com um grupo de garotos e eu não queria estragar o momento dela. Observei alguns barris de bebidas em cima de um balcão, então peguei um copo e enchi com uma bebida que eu não fazia ideia de qual era, já que não era muito acostumado a beber. Fui pra perto da mesa de jogos e fiquei olhando as pessoas jogarem um jogo de cartas, estava tão interessado em tudo que quando olhei para Samantha de novo ela já estava sozinha de novo, olhando alguma coisa no celular. Respirei fundo e me aproximei dela. 

– Hãm.. – pigarreei, na boa eu tinha muito que melhorar essas abordagens, ela já me olhava e guardou o celular – Oi. 

– Oi, Niall. – comecei a tremer – Estava mesmo olhando as suas mensagens, aliás, ia te responder agora mesmo. – ela riu mas eu continuei sério – Olha só o que a bebida e a solidão não fazem com a gente. 

– Eu estava falando com a Beck e ela me disse que estaria aqui. – ela bufou. 

– E o que vossa excelência quer com a minha? 

– Será que podemos... sei lá, sair um pouco dessa confusão toda. – assim que terminei de falar uma confusão e gritos começaram perto da mesa de jogos e ela pegou minha mão, me puxando pra porta de saída da cozinha. Saímos em um jardim e ela sentou em um banco me puxando pra sentar também. 

– Você está afim de mim? – ela me encarava fixamente. 

– Eu não! – afirmei rapidamente, mas ao ver a cara de decepção dela mudei rapidamente minha resposta – Quero dizer, sim... talvez, eu não sei. 

– Não precisa ficar nervoso, também não em dou muito bem com isso... Quer saber de uma coisa? 

– S-sim. – gaguejei. 

– As pessoas são um lixo, só nos usam. Você acredita que a Rebeca deu pro Zayn mesmo ele estando com outra e ela sabe. Agora enquanto o Zayn se pega com a Page ela está que nem uma pata choca sentada no sofá, uma idiota, não fala pra ela que eu estava a observando. 

– Hoje em dia ninguém mais usa a expressão “pata choca”. – rimos. 

– Não liga sabe. - Ela suspirou – Eu nunca bebi assim na minha vida, tá tudo girando. - Ela jogou a cabeça pra trás e começou a respirar ofegante. 

– Continuando esse papo de que as pessoas são um lixo, tenho que te contar uma coisa. – ela agora passou a me encarar – Eu sei que talvez você não acredite em mim, sei que vai parecer estranho um menino que nunca falou com você antes chegar e começar a te mandar mensagens e agora atrás de você em festas, principalmente a festa de uma pessoa que nem vai mais com a minha cara, mas quero que saiba que o que vou te contar é real e quero que acredite em mim. – ela continuava me encarando, mas não disse nada. – Nossos pais... quero dizer, minha mãe e seu pai eles... tem um caso. 

Quando acabei de falar, Samantha imediatamente se abaixou e começou a vomitar, eu fiquei tão desesperado que levantei e olhei em todas as direções, Beck acabara de abrir a porta da cozinha e vinha em nossa direção. Samantha continuava vomitando. 

– Meu Deus, que nojo! – ela tampava a boca e o nariz com a mão. 

– Eu não fiz nada, eu juro. 

– Eu sei, Horan. Não é culpa sua se ela bebeu um barril sozinho de bebida e mais incontáveis shots de bebida. – Samantha acabou de vomitar e me olhou. 

– Niall, o que você disse? Eu estava me concentrando pra não vomitar em cima de você então acabei não prestando atenção. – ela passava as costas das mãos na boca pra limpar os vestígios de vômito que poderiam ter ficado, mas se abaixou pra vomitar de novo. 

– Acho melhor deixar isso pra depois. – Beck disse – Olha só o seu estado Samantha, sua mãe vai me matar! 

Quando Samantha acabou de vomitar, Beck a pegou e a apoioi, as duas começaram a caminhar pra dentro da casa que agora já não estava tão cheia assim, eu as acompanhava e quando chegamos na sala já quase vazia, Zayn apareceu e começou a ajudar a carregarem Samantha, mas antes me olhou com muito desprezo. 

– Desculpa Niall, acho que vão ter que conversar outra hora. - Beck disse antes de começarem a subir as escadas. Samantha estava quase desmaiada. 

– Tudo bem. – concordei. 

Eles começaram a subir as escadas e todos olhavam e cochichavam. Sai da casa arrependido da hora que escolhi pra falar isso pra Samantha, mas não estava tão arrependido assim já que ela mal ouviu o que eu tinha falado. Suspirei, entrei no carro e esmurrei o volante. Sempre faço as escolhas erradas. 

Continua...